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Tatiana Navega

O condor e a liberdade

Durante minha última viagem, diversos ensinamentos foram chegando, mas eu que caminhava pela terra, não esperava que o mais forte deles viesse pelo ar.


Em determinado momento me deparei com essa ave, o Condor, gigante dos andes, maior pássaro da terra, que precisa viver em campos abertos ou em grandes altitudes para alçar voos majestosos e espreitar suas presas do lugar mais alto que puder. O guia que nos acompanhava perguntou:


- Quantos anos vocês acham que vive essa ave?


Chutei 16. A resposta foi que sim, adivinhei.


- Esse é o tempo que um Condor preso no zoológico consegue viver. Livre, ele chega aos 50 anos ou mais.


- Como assim? Por que?


- Preso, todos os dias ele come as carnes que as pessoas oferecem para atraí-lo e conseguir vê-lo e isso diminui sua expectativa de vida. Livre, ele caça, escolhe seu alimento e quando não encontra o que lhe faz bem, fica sem comer.


A partir desse momento eu não consegui ouvir mais nada, meu cérebro parou.


Quer dizer que o Condor quando resignado ao que lhe dão, sem opções nem possibilidade de escolher, desiste de viver? Foi assim que traduzi o que meu coração ainda tentava compreender. Para ele, uma vida sem liberdade, não vale a pena, suas células simplesmente param de se reproduzir e começam a envelhecer.


O que se seguiu foi uma caminhada de 18 km em direção ao centro de um Canyon. Lá de baixo o céu estrelado era de cortar a respiração. Foi aí que entendi o recado que transformaria cada pedacinho existente dentro de mim:


Você não precisa aceitar apenas o que te oferecem ou o que está ao seu redor se isso te prende, te sufoca, te diminui ou te faz mal.


Não desista de encontrar coragem e condições que te permitam voar.


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